segunda-feira, 11 de maio de 2009

A CUT e o combate a discriminação

Pedro Barbosa, o Peu* - 05/05/2009

Nos dias 27 e 28 de abril, em São Paulo-SP, foi realizado o Encontro Nacional da Comissão Nacional contra a Discriminação Racial da CUT, tendo como pauta central a construção das secretarias estaduais e nacional de Promoção da Igualdade Racial.
A pauta do encontro incluiu a importância da criação da secretaria de Combate à Discriminação Racial da CUT, atribuições da nova secretaria e o perfil que queremos para a direção que será eleita no próximo Congresso da CUT. Durante o encontro, um texto base sobre a questão racial no Brasil foi elaborado, abordando questões que vão desde a escravidão até os dias atuais.
Diante dessa nova Secretaria e da militância nessa luta, a perspectiva é de um excelente trabalho. Ainda que as discussões sejam positivas, sabemos que os desafios a serem enfrentados são enormes, até mesmo na política interna da CUT.
O movimento sindical ainda não está consciente e totalmente comprometido , em sua maioria, com essa luta. Poucos estados contam coletivos da CUT contra a discriminação. Onde eles existem, sérias dificuldades são impostas.
Diante desse quadro, é urgente a criação de uma Secretaria Nacional que inclua em suas prioridades temas como: a aprovação do Estatuto da Igualdade; a implantação efetiva da lei que prevê a cota em todas as universidades brasileiras; efetivação do 20 de novembro como feriado nacional. Também é importante a preparação e capacitação do movimento sindical para a inclusão de causas da questão racial nos acordos coletivos de trabalho.
É inadmissível que o Brasil, onde a maioria da população é negra, ainda conviva com a discriminação racial. Isso é fato. São salários mais baixos, doenças típicas renegadas ao segundo plano, atendimento precário na área da Saúde pública, desigualdades na Educação. Pesquisas recentes apontam que o atendimento médico na rede pública a não negros dura, em média, três minutos, enquanto o da mulher negra é de apenas um minuto.
O quadro é estarrecedor, mas ainda existem companheiros do movimento sindical que criticam a política de cotas. Chego à conclusão que eles realmente não percebem que os brancos, no passado, já receberam sua cota. O processo de enbranquecimento da massa trabalhadora brasileira aconteceu, em sua maioria, com a vinda de europeus que recebiam posse de terra e títulos. Enquanto isso, os negros ficavam excluídos, impedidos de exercer funções consideradas "nobres".
Estou convicto de que hoje a nossa luta não é por esmola. Queremos a nossa cota, que nos foi negada há 500 anos!

*Pedro Barbosa, o Peu, é Secretário de Imprensa da CUT-Bahia e membro da Comissão Nacional contra a Discriminação Racial.

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